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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Reportagem sobre Bonito na Revista Versatille

"Não faltou criatividade a quem nomeou a cidade de Bonito. O adjetivo resume bem o espírito da capital do ecoturismo e da aventura no Brasil. E, para aproveitar toda essa natureza, não é preciso ser um Indiana Jones". 

Foto: Capa Revista Versatille edição 59

A matéria para a Revista Versatille foi escrita pelos fotógrafos Cristiano Sant'Anna e Flávia de Quadros que nos visitaram em Bonito em maio/10. O contato foi realizado através da equipe de vendas dos passeios Recanto Ecológico Rio da PrataEstância Mimosa Ecoturismo.

Conhecer Bonito é uma experiência tão intensa que basta dizer que a cidade, no Mato Grosso do Sul, é capaz de satisfazer com todos os prazeres que o elemento água pode proporcionar. Das belezas naturais à gastronomia, das atividades exploratórias aos esportes radicais, tudo está relacionado com a água abundante e cristalina da região. 

São cascatas, lagos escondidos em grutas de tirar o fôlego, piscinas naturais e fontes cálidas na mata. Qual seria o segredo das águas de Bonito? A formação geológica rica em calcário e magnésio, que as faz romper do solo pela porosidade da rocha. Aliada à paisagem exuberante da região está a exploração responsável do ecoturismo, comprometida com a preservação natural e com a segurança, para que o visitante possa relaxar e aproveitar o clima de liberdade que se respira por lá.

Aventura subterrânea
Que tal começar seu roteiro pelo cartão-postal mais famoso da cidade? A Gruta do Lago Azul dá uma boa amostra do que o espera.  Depois de uma caminhada leve, de aproximadamente 10min, descemos pela escadaria encravada nas pedras para finalmente, 200m abaixo, avistar um cenário mágico. Em meio à rocha repleta de estalactites, estalagmites e travertinos, surge um espelho de água azul calipso brilhante que deixa entrever as pedras próximo à margem e vai se tornando intenso e escuro com a profundidade do lago, estimada entre 80m e 90m. Resta relaxar e aproveitar o visual, escutando o som suave da água e sentindo a grandiosidade do mundo à sua volta até que o guia o desperte para o retorno. 

Para os intrépidos, há outras aventuras abaixo do solo. A 5km desta gruta fica o Abismo Anhumas. Uma fenda estreita na rocha que dá passagem a uma caverna com lago subterrâneo. Para chegar lá, é preciso encarar uma descida de 72m de rapel. Mas o esforço vale pela paisagem grandiosa e surpreendente e pela chance de flutuar no seio da terra, observando as espécies locais, estranhas aos olhos estrangeiros, da superfície. Mergulhadores munidos de seus certificados podem optar também pelo mergulho com cilindro. Para enfrentar o desgaste físico, não se esqueça de levar muita água, frutas ou barras de cereal.

Peixes e carnes exóticas
Depois de um dia de atividade intensa, a noite é ideal para conhecer as excelentes opções gastronômicas da cidade de Bonito. Se estiver muito cansado para sair, aproveite para degustar as surpreendentes combinações criadas pelo chef Silvio Trujillo, no restaurante do Marruá Hotel. Há três anos na cidade, Silvio, ex-Fasano, optou por uma vida contemplativa em Bonito e encanta paladares ao mesclar a cozinha oriental com ingredientes rústicos, típicos da região. O ponto alto da culinária local, para ele, é o sabor incomum e a grande variedade de peixes dos rios próximos. Fica a sugestão do carpaccio de tilápia, preparado à base de limão, azeite de oliva e pimenta preta, acompanhado de uma taça de nobre sauvignon blanc. Se preferir um sabor acentuado, Silvio sugere o filé mignon de pintado ao molho de suco de laranja, gengibre e pimentas variadas com mandioquinha sauté. 

Entre pássaros e cachoeiras
O dia, em geral, começa cedo em Bonito. Para se chegar aos atrativos naturais, o turista tem que estar às 7h da manhã com o pé na estrada. A maior parte dos roteiros é distante do centro da cidade, entre 20km a 50km, com deslocamento por estradas de chão. O clima é off-road. Entre os meses de maio a outubro, época da seca, os acessos são muito bons, mas não queira ficar empenhado em pleno janeiro em alguma via da região. Você pode perder alguns bons mergulhos aguardando o reboque. Entre novembro e abril, alugue um 4x4 com ar-condicionado e potência para enfrentar  qualquer condição de estrada.

Após tomar um farto café da manhã, prepare uma bolsa com o que é necessário: garrafa de água, barrinha de cereais e um agasalho (faz frio no final da tarde). Um destino importante é a Estância Mimosa. A 24km do centro de Bonito, é uma fazenda de ecoturismo que oferece passeios a cavalo e caminhadas para observação de aves e realmente deliciosos banhos de cachoeira. São sete quedas d’água que aparecem durante o caminho, entre as passarelas construídas na mata. Aliás, só em Bonito são 38 cachoeiras para se conhecer. 

No Parque Nacional da Serra da Bodoquena esse número se multiplica por dez, no mínimo. O motivo é que o solo ali é de calcário, rocha extremamente quebradiça, que facilita a abertura de fendas por onde saem as águas subterrâneas, criando lagos azuis, cascatas na montanha e nascentes com águas cristalinas e quentes. E esse cenário se repete na Mimosa, onde se deve dar um descanso para os tênis e mergulhar nas piscinas naturais. Vá com roupa de banho por baixo. 

Para viajantes amantes de aves, essas mesmas trilhas possibilitam a observação. Ema, mutum-de-penacho, jacutinga, biguá, carcará, quiriri, jaçanã, maitaca, joão-pinto, jaó, iambú-chororó, irerê, biguá, socó-boi, curicaca são apenas alguns nomes estranhos, parte das 189 espécies catalogadas na região. O roteiro é muito procurado por turistas europeus e ornitólogos. O birdwatching é uma atividade que admite apenas pequenos grupos, de três ou quatro pessoas, caminhando no absoluto e purificante silêncio da mata, e precisa ser agendado com guias especializados.

Travessia das águas 
O melhor atrativo de Bonito é, sem dúvida, o mergulho em águas cristalinas. Nos rios ou em cavernas, o mergulhador certificado ou amador vai submergir num mundo paralelo de cores e sons. Aliás, a flutuação no Rio da Prata é perfeita para a família toda. O local é uma Reserva Privada de Preservação Natural (RPPN). Ou seja, uma propriedade particular sujeita à fiscalização dos órgãos ambientais do governo federal. 


Ao atravessar uma passarela de madeira, a nascente do rio Olho d’Água se abre para o visitante. A flutuação começa numa piscina natural, na qual o visitante já vê pintados, dourados, pacus e uma variedade de outros peixes em cardumes a olho nu. É como uma pintura, uma fantasia infantil, um aquário vivo que deixa o olhar extasiado. Se você nunca mergulhou, esse é um jeito simples de começar. 

Ao final do passeio, o corpo está relaxado e a comida caseira – aquela afetiva, feita num fogão a lenha – repõe as energias com perfeição. De sobremesa, saboreie doces de frutas do Cerrado, como carambola, cupuaçu e mamão verde, com ou sem queijo minas. E aproveite para descansar no redário, na companhia dos papagaios e pica-paus.

O retorno à cidade acontece no final da tarde. Bom momento para uma caminhada pela rua principal. Olhe as lojas, o artesanato local e, se tiver ânimo ou solteirice, faça uma parada estratégica para o happy hour no Taboa Bar. O cantinho leva o nome da mistura brasileiríssima de cachaça, mel, canela, guaraná em pó e ervas naturais. O bar é o point noturno de Bonito. Tem músicos tocando reggae e MPB e um clima de confraternização entre amigos. Perfeito para embalar mentes extasiadas pelas belezas dessa terra. 

Por c. sant’anna e f. de quadros - fotos índice
 

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